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18 novembro 2008
Arquivo do Estado irá disponibilizar documentos da ditadura na internet
Arquivo do Estado irá disponibilizar documentos da ditadura na internet
O Arquivo Público do Estado de São Paulo dará início nesta sexta-feira (07 de novembro) a sua participação no projeto “Memórias Reveladas – Centro de Referência das Lutas Políticas, 1964-1985”, uma iniciativa da Casa Civil da Presidência da República, com a coordenação do Arquivo Nacional. O projeto irá catalogar acervos e colocar à disposição do público, pela internet, os registros documentais sobre as lutas políticas no Brasil durante a ditadura militar.
O Centro de Referência das Lutas Políticas será criado já com mais de 13.000 páginas de documentos recolhidos pelo Arquivo Nacional. Em 2005, a Casa Civil determinou que as instituições federais transferissem toda a documentação sobre a ditadura militar para o Arquivo Nacional. A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), por exemplo, teve recolhidos todos os arquivos do Conselho de Segurança Nacional (CSN), da Comissão Geral de Investigações (CGI) e do Serviço Nacional de Informações (SNI). Com este grande volume de documentos, o Arquivo Nacional aumentou em mais de dez vezes o seu acervo sobre a ditadura militar.
Já em 2008 foi firmado um acordo de cooperação técnica entre 25 instituições e o Arquivo Nacional para a “implantação de uma política pública de integração em rede de acervos e instituições”. De acordo com o projeto, será criado o banco de dados Memórias Reveladas, alimentado online pelas instituições parceiras com informações dos acervos do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DEOPS), referentes ao período de 1964-1985. Também fará parte deste banco de dados a documentação do Arquivo Nacional sobre a ditadura militar.
O banco de dados estará disponível na internet para a livre consulta e permitirá recuperar e identificar informações sobre a repressão no Brasil. Apenas os documentos sigilosos não serão disponibilizados na internet. A classificação de documentos como “ultra-secretos” era comum no passado, com sigilo de 10, 15 ou até trinta anos, renováveis pelo mesmo período. Os documentos cujo prazo de sigilo já tenha expirado e aqueles que não possuem qualquer classificação poderão ser livremente consultados.
Também está prevista no projeto uma linha de financiamento para organização e tratamento de acervos de diversos fundos documentais sob a guarda de arquivos públicos estaduais e centros de documentação em universidades.
Esta é a primeira iniciativa que articula o Governo Federal e os estados da federação para a preservação e difusão de registros documentais. Esta interação irá possibilitar o cruzamento dos dados que estão sob a guarda de cada estado tanto para a pesquisa de pessoas que participaram da luta contra a ditadura quanto para reflexões acadêmicas sobre este momento da história do Brasil.
O DEOPS-SP
O estado de São Paulo mantém os registros do DEOPS abertos para consulta pública desde o início da década de 90, mediante a assinatura de um termo de responsabilidade pelo pesquisador. Desde então, os arquivos do DEOPS são os mais procurados no Arquivo Público do Estado, principalmente por pesquisadores e por pessoas investigadas durante a ditadura militar. Trata-se do maior acervo do gênero no país, com 150 mil prontuários, 1,1 milhão de fichas e 9 mil pastas com dossiês, 1.500 pastas de Ordem Política e 2.500 pastas de Ordem Social.
A participação paulista na primeira fase do projeto terá duração de oito meses. Dentre as atividades previstas está a microfilmagem de 2 mil pastas com dossiês. Para isso, será adquirida uma microfilmadora com a qual o Arquivo Público também irá atender aos pedidos de microfilmagem dos centros de pesquisa de São Paulo. O projeto prevê ainda a digitação de 420 mil fichas temáticas do Arquivo Geral do DEOPS. Nesta fase, apenas estas fichas poderão ser consultadas pelo público.
Esta parte do projeto Memórias Reveladas, que tem participação do Arquivo Público do Estado de São Paulo, conta com patrocínio da Petrobrás (Petróleo Brasileiro S. A).
Fonte: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/ver_noticia.php?id=25
17 novembro 2008
Adeus, Xiquitita do Meu Coração!
No sábado, a nossa "família" de cães ficou menor: na noite de 15 de novembro, nossa casa ficou triste. Tínhamos quatro cadelas e um cão. Mas no sábado à noite, a nossa Xica, a "Minha Pequenina", minha Xiquitita se foi. Nós lutamos junto com ela durante a última semana. Ela saiu do cio e adoeceu. Numa semana, estava morrendo em meus braços... Meu companheiro, quem a trouxe para nossa casa, e eu, estamos muito tristes. O lance é a falta do seu latido quando a gente chegava em casa todos os dias. Quando cantávamos e dançávamos ela sempre participava latindo e também arranhando nossas pernas como que querendo dançar com a gente...
Obrigado, minha pequenina, por você ter alegrado as nossas vidas durante seus onze anos.
15 novembro 2008
Adeus, Xica...
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Obrigado!
28 setembro 2008
III Encontro BrOffice.org
Maiores informações: http://encontro.broffice.org
28 junho 2008
Notícias de junho
Primeiramente, pela manhã, meu amigo Hélvio Polito liga pra me informar que a série Livros Foreiros foi contemplada com o título de Memória do Mundo. Fiquei feliz.
Há uma ano sugeri aos técnicos do Arquivo Público que inscrevessem essa série documental e também o fundo Câmara Municipal, afinal a nossa Câmara de Olinda é a mais antiga das Américas. Existe desde 1537.
Outra notícia boa foi a aprovação, na Câmara Municipal, da equiparação salarial de todos os técnicos de nível superior. De quebra ainda vieram 3% de reajuste agora e mais 2% em novembro, mas o melhor mesmo foi a equiparação.
Mais tarde, na festa junina da Secretaria, fui sorteado pra um pernoite no Motel Fidji, um dos melhores da cidade. Foi um culete danado, com vários colegas fazendo ofertas de compra do prêmio.
15 junho 2008
Homofobia é crime!
Foi com tristeza que recebi a notícia de que o Senado da República tem recebido muitas ligações com relação ao PLC 122/2006, que criminaliza a homofobia no país. Até aí, tudo bem. O problema é que tem aumentado muito o número de ligações contra o projeto. Principalmente cidadãos religiosos que dizem que o projeto é contra a liberdade de expressão. Ora, por acaso liberdade de expressão é o direito de achincalhar e fomentar a violência contra outros cidadãos somente porque esses “outros cidadãos” têm uma sexualidade diferente da que esses cidadãos religiosos apregoam ser a mais “natural”? Claro que não são todos os cidadãos religiosos que fazem esse tipo de coisa. Eu conheço vários cidadãos religiosos que discordam frontalmente desse tipo de pensamento
Não acredito nisso. Ninguém deve ter o direito de achincalhar grupos de cidadãos e nem de fomentar a violência contra esses grupos.
O telefone 0800 612 211 é do Senado Federal. Ligar pra lá não custa nada e o tempo que se perde é tão curtinho. Quando a gente liga pra lá, a pessoa que atender vai perguntar se é a primeira vez que você liga para o Senado. Se for a primeira, eles vão fazer umas perguntas sobre sua identificação, seu endereço e depois perguntam a sua mensagem e pergunta pra que senador(es) você que mandar a mensagem. Eu respondi que era favorável ao PLC 122/2006 e queria que fosse enviado para todos os senadores.
Peço a você que não se sente bem assistindo à violência com que são tratados cidadãos e cidadãs homossexuais neste país, que sente perto do seu telefone e ligue pro Senado, dizendo ser favorável ao PLC122/2006 e diga que quer que seja enviado a todos os senadores.
No site da ABGLT - Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais você encontra outras formas de apoio ao PLC122/2006. Também há a e-Campanha da ABGLT sobre o mesmo projeto no qual você pode, inclusive, alterar o texto da mensagem e não pode esquecer de assinar no final.
21 março 2008
Ainda sobre a primeira Conferência Municipal GLBTT de Olinda.
O mapa está aí: http://maps.google.com.br/maps/ms?ie=UTF8&hl=pt-BR&msa=0&ll=-8.006558,-34.845092&spn=0.005843,0.01442&z=16&msid=102542161771450082864.000448fdac22a6e07be0c
19 março 2008
1ª Conferência Muncipal GLBTT de Olinda
Em breve, posto aqui a logo da Conferência, bem como a sua programação. A abertura será no dia 28, às 19 horas na Câmara Municipal de Olinda, na Rua 15 de Novembro (popularmente conhecida por Ladeira do Varadouro, sem numero, Varadouro, Olinda.
Olha o link com o mapa!
http://maps.google.com.br/maps/ms?ie=UTF8&hl=pt-BR&msa=0&ll=-8.018064,-34.853579&spn=0.002922,0.00721&z=17&msid=102542161771450082864.000448ce712badaad7627
Direitos aos Gays: Carta dos Usuários do Mundo Todo
Acho interessante a publicação dessa carta, uma vez que estamos nos preparando, aqui no Brasil, para as Conferências Municipais (a de Olinda será nos dias 28 e 29 deste mês de março de 2008), Estaduais e Nacional (06 a 08 de junho de 2008), sobre a cidadania de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, uma vez que a luta é mundial contra a homofobia institucionalizada em países como o Irã, Iraque, Afeganistão, entre outros...
Nasci em setembro de 1980, no Irã. Quando eu era adolescente e morava na cidade de Shiraz, sentia-me solitário e cheio de auto-piedade. Nunca havia conhecido outra pessoa que fosse gay e achava-me um anormal. Eu orava para tornar-me uma pessoa melhor e normal. Algumas pessoas jejuavam por um mês só, eu jejuava por três. Quando eu fiquei sabendo da internet, descobri que não estava só.
Depois disto, passei a compreender melhor quem eu era e fiz as pazes com minha sexualidade. Comecei a advogar para a comunidade gay do Irã, mas com isto acabei chamando a atenção das autoridades iranianas e fui obrigado a abandonar o país no dia 4 de março de 2005.
Isto foi ás quinze para uma da tarde. Nunca esqueci, porque foi nesta hora que tive de abandonar todas as minhas coisas e minha pátria e ir para o exílio. Nunca aceitei aquilo. Meu trem partiu rumo à Turquia. Lá eu teria de registrar-me como refugiado no escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, em Ankara. Nesta mesma época eu parei de rezar. No exílio eu havia prometido a Deus que a única forma de adoração que eu continuaria prestando a ele seria apoiar os nossos irmãos gays no Irã.
Meu pedido foi aceito três meses depois que eu cheguei na Turquia e dois meses mais tarde eu estava recebendo um convite da Embaixada do Canadá da cidade de Ankara. Oito meses mais tarde aqui estou eu, no Canadá.
Ser homofóbico é parte integrante da sociedade iraniana. Esta atitude reflete-se em parte na cultura judicial, religiosa e conservadora do governo islâmico do Irã. O aiatolá Ruhollah Khomeini ficou conhecido por dizer que os homossexuais precisavam ser extirpados, quais 'parasitas que corrompem a nação' e que 'disseminam a mácula da iniqüidade'.
Ela também reflete-se no sistema social patriarcal, que consegue controlar e fazer medo à própria sexualidade que, segundo eles, deve ser usada apenas para a reprodução. Pouco antes de eu ir para a Turquia, três dos meus melhores amigos haviam cometido suicídio por causa da orientação sexual deles. Mais recentemente, a polícia iraniana prendeu dois rapazes gays, de mais ou menos 20 anos de idade, por terem recebido pessoas numa festinha na casa deles. Estes rapazes receberam 80 chocotadas cada um. Não sei se eu agüentaria apanhar tanto, mas admiro a coragem deles.
Após a punição, um dos rapazes teria perguntado à pessoa que executou a pena se ele estava sentindo-se mais próximo de Deus após tamanha selvageria.
A vida destes capatazes não é menos miserável do que a maioria do público GLS no Irã.
'Desde pequeno, nunca senti-me atraído pelo sexo oposto, eu tinha certeza de que era homossexual', afirmou Farsad de 26 anos. Aos 21 anos ele abriu um blog para conhecer outras pessoas iguais a ele e este blog tornou-se muito conhecido. A polícia secreta descobriu o IP do computador dele e ele foi preso. Ele passou três semanas na solitária e depois foi acusado de disseminar obscenidade, valores degradantes e homossexualidade.
Há mais ou menos um ano atrás, Farsad conheceu Farnam numa sala de bate-papo gay. Após maiores contatos, eles decidiram morar juntos e começar uma vida nova como casal, mas disfarçadamente. Eles convidaram um pequeno grupo de amigos para celebrar a ocasião, mas apenas 15 minutos após o início da cerimônia, a casa foi arrombada pela polícia e todo mundo foi preso.
Meus amigos foram brutalmente espancados, disse Farsad, e depois transportados para o Centro de Detenção da polícia. Eles tiveram de passar todas as festividades do Ano Novo persa na cadeia. 'Fomos espancados de tal forma, que minha espinha quebrou-se irreversivelmente. Aindo sinto a dor dos punhos atingindo o meu rosto', disse Farsad.
Dentro da realidade do Oriente Médio, o Irã chega a destacar-se pela rigidez com a qual eles punem a conduta homossexual consensual e adulta. A 'sodomia' ou lavat (ato sexual consumado entre pessoas do sexo masculino, quer haja penetração ou não) está sujeita à execução, independentemente de os parceiros terem sido ativos ou passivos.
O artigo 111 do Código Penal islâmico afirma: 'A lavat está sujeita à pena de morte, contanto que ambos os parceiros, ativos ou passivos, sejam adultos maduros, sãos e tenham agido com livre arbítrio.' Segundo os artigos 121 e 122 do Código Penal, Tafkhiz (friccionar coxas ou nádegas ou a prática de quaisquer outras 'preliminares' entre pessoas do sexo masculino, não envolvendo penetração) está sujeita a cem chicotadas por parceiro. Em caso da reincidência da condenação por quatro vezes, a pena é a morte.
O artigo 123 do Código Penal acrescenta ainda que 'se duas pessoas do sexo masculino que não sejam parentes consangüíneos deitarem-se desnecessariamente juntos sob o mesmo teto', então cada uma receberá 99 chicotadas.
Lésbicas tampouco tem o direito de existir no Irã. Muitas delas acabam cedendo à pressão da sociedade e/ou da família para casar com um homem e viver uma mentira. Mulheres condenadas por terem tido sexo com outras mulheres são punidas com açoitamento e numa quarta vez, com pena de morte.
Toda vez que são presas, elas são também estupradas e torturadas até a morte. Se forem estupradas por estranhos ou por conhecidos, existe sempre uma certa relutância da parte dos estupradores ou dos membros culpados da família de prestar uma denúncia formal, pois o estupro em si é visto como uma vergonha ou uma desgraça.
Segundo o Código Penal iraniano, que é condizente com a lei islâmica, se uma pessoa for acusada de sodomia, ela pode ser condenada se ela reiterar uma confissão do ato por quatro vezes. A tortura como prática e a tortura para extrair informações de prisioneiros prevalesce no Irã. Confissões em aberto são amplamente aceitas como evidência incontestável durante julgamentos de criminosos.
A pena de morte por lavat não é meramente um punição escrita na lei, ela é aplicada de fato.
Os julgamentos por crimes morais no Irã são filmados e relatados pela mídia, mas o governo passou a exercer um controle mais rígido neste sentido, por causa da indignação internacional que a freqüência das execuções com pena de morte neste país tem causado. E por estes motivos, é praticamente impossível confirmar a freqüência das execuções por lavat.
No dia 13 de novembro de 2005 foi relatado no diário semi-oficial do Teerã chamado Kayhan que o governo havia enforcado dois homens publicamente: Mokhtar de 24 anos e Ali de 25. Pelo que consta, os dois homens foram executados por terem cometido “lavat”.
No dia 25 de março de 2005 o jornal Etemad havia relatado que dois homens foram sentenciados à morte após a esposa de um deles ter descoberto uma fita de vídeo, na qual os dois apareciam praticando atos homossexuais.
Em novembro de 2005 um pai ateou fogo ao seu filho de 18 anos de idade na cidade de Rasht. Decepcionado e deprimido com a novidade sobre a homossexualidade de seu filho, o pai despejou gasolina em seu filho e depois em si próprio, a fim de salvaguardar a honra da família. O rapaz morreu devido às queimaduras mas o pai sobreviveu, tendo queimaduras apenas nas mãos e no rosto. Outros iranianos homossexuais, assim como eu, conseguiram sobreviver para contar a história.
No dia 14 de novembro de 2006, no entanto, a agência estatal do Irã, a IRNA, relatou que um homem chamado Shahab Darvishs havia sido executado em Kermanshah. De acordo com o departamento de Justiça, ele foi declarado culpado por ter praticado o reprovado ato da sodomia.
Taraneh é uma refugiada iraniana lésbica que atualmente vive na Europa. Ela tinha apenas 21 anos quando foi presa pela primeira vez. Ela passou 27 meses na prisão e recebeu 280 chicotadas. Ela diz ter sido brutalmente torturada lá e forçada a confessar que era lésbica. Além disto, ela havia ficado vários dias na solitária sangrando e sem qualquer acesso a saneamento básico e primeiros socorros.
Sayeh é uma das primeiras transexuais no Irã a sofrer prisão e tortura nas mãos do governo. Por várias vezes ela foi presa, humilhada e abusada nas mãos de políciais. Estes a forçaram a entrar num carro de côr preta e a levaram para um centro de detenção, onde ela foi desmoralizada verbalmente de forma sub-humana.
Os exemplos acima citados são apenas uns dos muitos que comprovam que o ambiente de incerteza, medo e perigo no qual os gays vivem no Irã, muitas vezes é patrocinado pelo próprio governo, pela sociedade e pelos familares das vítimas. Eu poderia relatar mais aqui, mas a moral da história é que no Irã existem gays também. O presidente Ahmadinejad afirmou: “não há homossexuais em nosso país”. Nada poderia ser menos verdade.
Existem sim muitos gays e lésbicas no Irã e os mesmos precisam de apoio e já!
Arsham Parsi
Diretor Executivo da Organização Gay no Irã
(IRQO) baseada em Toronto.
Confira mais em: www.irqo.net
IRanian Queer Organization – IRQO
Antiga Persian Gay & Lesbian Organization – PGLO
info@irqo.net
tel: 001-416-548-4171
Fonte: www.gayromeo.com
14 março 2008
Dia da Poesia ( 14 de março)
Mas deixemos de encher ligüiça e leiamos "O Navio Negreiro — Tragédia no Mar"...
O Navio Negreiro
Castro Alves
I
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.
Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!
Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................
Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!
Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.
II
Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!
O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!
Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...
III
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
V
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...
Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...
VI
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
19 fevereiro 2008
Cântico Negro, de José Régio
Um outro lance sobre essa novela é que eu estudava no Grupo Escolar José Vilela, na Estrada do Encanamento, no Recife e tinha uma colega que era filha de um diretor do Clube Português do Recife e ela me chamava pra ir sempre ao clube, seu nome é Vitória. Numa dessas idas ao Clube Português, conheci e "fiquei amigo" da atriz e cantora portuguesa Gilda Valença, que também trabalhava na novela. Todas as vezes que ela vinha ao Recife, eu ia vê-la no CPR e ganhava um autógrafo da atriz, em flâmulas do Clube, em cartões, na camisa...
Bem, vamos ao poema:
Cântico negro
José Régio
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
José Régio, pseudônimo literário de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde em 1901. Licenciado em Letras em Coimbra, ensinou durante mais de 30 anos no Liceu de Portalegre. Foi um dos fundadores da revista "Presença", e o seu principal animador. Romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, foi, no entanto, como poeta. que primeiramente se impôs e a mais larga audiência depois atingiu. Com o livro de estréia — "Poemas de Deus e do Diabo" (1925) — apresentou quase todo o elenco dos temas que viria a desenvolver nas obras posteriores: os conflitos entre Deus e o Homem, o espírito e a carne, o indivíduo e a sociedade, a consciência da frustração de todo o amor humano, o orgulhoso recurso à solidão, a problemática da sinceridade e do logro perante os outros e perante a si mesmos.
13 fevereiro 2008
Gays protestam contra igreja católica na Itália
Senhores da ICAR, sejam mais cristãos e tolerem a DIVERSIDADE.
30 janeiro 2008
Dia da Saudade, 30 de janeiro.
Frevo de Saudade:
Quem tem saudade não está sozinho
Tem o carinho da recordação
por isso, quando estou mais isolado,
Estou bem acompanhado com você no coração
Um sorriso, uma frase, uma flor
Tudo é você, na imaginação
Serpentina ou confeti, carnaval de amor
Tudo é você no coração!
Você existe como um anjo de bondade
Que me acompanha neste frevo de saudade!
Lá-lá-lá
15 janeiro 2008
Sonetos de Camões
Vamos aos sonetos:
Busque Amor novas artes
Busque Amor novas artes, novo engenho
Pera matar-me, e novas esquivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, enquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê,
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como e dói não sei porquê.
Luís de Camões
E o segundo:
Amor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões
E então, concordam comigo que esses dois sonetos de Camões são perfeitos?
Beijo pra quem é de beijo e abraço pra quem é de abraço!
Ah! Ia esquecebndo de dizer onde foi que encontrei os sonetos:
http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/camoes.html