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15 janeiro 2008

Sonetos de Camões

Hoje, deu-me uma vontade danada de recuperar dois sonetos de Camões. Todos dois acho belíssimos. Um deles, Renato Russo misturou com uma epístola de São Paulo e deu numa linda música cujo título agora não me recordo.
Vamos aos sonetos:

Busque Amor novas artes

Busque Amor novas artes, novo engenho
Pera matar-me, e novas esquivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, enquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê,

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como e dói não sei porquê.

Luís de Camões

E o segundo:

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?


Luís de Camões

E então, concordam comigo que esses dois sonetos de Camões são perfeitos?
Beijo pra quem é de beijo e abraço pra quem é de abraço!

Ah! Ia esquecebndo de dizer onde foi que encontrei os sonetos:

http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/camoes.html


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